PERSONALIDADE

Lottie é a pessoa mais feliz que você vai conhecer, provavelmente, por toda a sua vida. Nenhum mau-humor consegue apagar seu sorriso por muito tempo, e não há problema que não possa ser resolvido na perspectiva da otimista, trabalhadora e ingênua garota. Ela se acostumou com ter tudo na sua vida muito difícil, e por isso não se deixa abalar por quaisquer obstáculos que apareçam em seu caminho. Tudo pode ser resolvido, e tudo será resolvido.
Além de feliz, é inteligente e muito calma. Acima de tudo, também é extremamente amorosa e gentil. Acostumada a lidar com crianças pequenas e velhos ranzinzas, sua paciência não tem limite. Quando todo o resto desiste, se estressa, fica confuso e irado, é o momento para que a loira brilhe. Ela simplesmente não se deixa abalar pelo clima ao seu redor. No mundo da Lottie, o sol está sempre aparente e tudo é extremamente brilhante.
Sua personalidade encaixa mais do que perfeitamente com o seu chefe que, por ser a pessoa com quem ela mais passa tempo em seu dia-a-dia, se tornou extremamente importante para ela. Apega-se às pessoas com muita facilidade, e também tende a ser superprotetora e muito cuidadosa com todos ao seu redor. Apesar disso, ela carrega consigo uma pequena tristeza no coração. Mas nada de desânimo: Lottie pode não ter uma família de sangue, mas ela tem o FBI. E eles são sua família.

HISTÓRIA

A história da família de Lottie é uma grande lacuna. Quer dizer, da família biológica. Ela sempre pôde contar com as freiras do Eternal Sunshine Orphan Home, que foi o orfanato onde ela foi criada. Sempre educada por meio da religião, compaixão, amor e ajuda ao próximo, suas primeiras influências foram, no mínimo, meigas. É claro que existiam as más influências, e as brigas, e o bullying, do qual a menina não escapou. Por ser, desde sempre, uma das meninas mais fofas e mais lindas do orfanato, era perseguida com frequência pelas colegas, e fora espancada inúmeras vezes por grupos de garotas mais velhas.
Mas ela não se deixava abalar. Pelo contrário: quando um casal chegava para vê-la e se assustava com sua aparência, ela dava algumas desculpas e logo começava a falar bem das meninas que haviam lhe espancado. Lottie sabia que tudo isso era fruto da insegurança das garotas, e denunciá-las para a Madre Superiora estava fora de questão. Além disso, quando as garotas eram adotadas, elas não tinham mais como bater na loira. Era tudo uma questão de amor e de um pouco de inteligência.
Até já lhe ofereceram chances de ser adotada, mas na verdade, a garota não estava preparada para isso. Sua insegurança a dominava e ela acabava chorando quando queriam a distanciar das Irmãs. Vendo o sofrimento de uma criança tão doce, os candidatos a pais sempre a deixavam de lado. Ela só conseguiu se desapegar das freiras quando fez doze anos, e foi morar com seus dois pais adotivos. James e William eram os pais mais exemplares e amorosos de toda a vizinhança, e a chegada da garota em sua família só os fez se tornarem pessoas ainda melhores.
Ela estudou nas melhores escolas, e frequentou vários cursos. Seus pais eram ativistas assíduos, sempre protestando pelos direitos iguais nas ruas. Foi em uma dessas passeatas que ambos foram espancados até a morte por alguns homofóbicos. Ela tinha dezesseis anos. Os responsáveis foram presos, mas nada consolou Lottie da sua perda. Ela entrou em uma profunda depressão da qual só conseguiu se recuperar anos depois, após completar 18. Tomou o rumo da sua vida, dizendo ao seu tio adotivo que poderia se virar sozinha, e então construiu toda a sua vida de novo, com o apoio financeiro dos seus pais, que a deixaram uma pequena fortuna em testamento.
Apesar de ter feito curso de administração, Lottie não conseguia empregos muito bons, então ela se contentou em ser garçonete num pequeno e adorável café, o Glass&Bottles. E ela não desanimou. Pelo contrário, ela adorava. Estar próxima de pessoas todos os dias e os servir com um enorme sorriso era o trabalho dos seus sonhos. Uma pena que o salário não servia para manter o apartamento que seus pais haviam lhe deixado. Um de seus hobbies prediletos era assistir casais se formando no café, e foi assim que conheceu um rapaz emburrado e uma moça ainda mais emburrada. Lottie ria secretamente toda vez que se lembrava dos dois, e ficava feliz por eles.
Porém, um dia, o moço ranzinza não encontrou a moça como fazia todos os dias. Preocupada, a garota tentou puxar algum papo, mas acabou derramando café no homem. Ele se levantou, irado, enquanto ela pedia mil desculpas, e saiu, batendo a porta no processo. Lottie suspirou, certa de que algo acontecera com eles dois. E foi quando viu a carteira do moço, bem ali, na mesa. Ela a abriu, curiosa, e leu “Darrel Boston Kavanacht, diretor de departamento, FBI”. A garota nem conseguiu pensar sobre a grande quantia em dinheiro que tinha na carteira. O que ela se preocupou foi que, assim que o moço percebesse que perdeu sua carteira, seria tarde demais. Ele seria prejudicado no seu trabalho.
Foi naquele dia que ela usou sua pausa de almoço para ir atrás da sede do FBI, e também atrás da sala de Darrel. Quando finalmente encontrou, ela se espantou. Tudo estava muito bagunçado na área aberta que deveria pertencer à secretária. Uma verdadeira zona de papéis e post-its, e não havia ninguém atendendo ao telefone que tocava insistentemente na mesa. Ela bateu na porta do diretor, receosa, e então entrou quando lhe foi permitido. Entregou a carteira, contou a história e se desculpou mais uma vez por ter derramado café no homem, quando uma das situações mais bizarras da sua vida aconteceu.
- Você sabe imprimir coisas? – o homem perguntou.
- Sim... – ela respondeu, estranhando.
- Consegue manter uma mesa organizada? – ele continuou.
- Sim...
- E uma mesa e uma sala?
- Acho que sim... – ela assentiu - Depende da bagunça...
- Você tem uma boa audição?
- Até onde eu saiba...
- Quer receber 4x mais do que recebe atualmente como garçonete no Glass&Bottles?
- Você está bêbado ou algo do tipo? – Lottie não pôde deixar de se preocupar.
- Minha nossa, você consegue viver sem usar esse tipo de calçado? – ele apontou para as suas rasteirinhas.
- Você tem algum problema, é a única explicação. – ela balançou a cabeça - Olha moço, sua carteira está aí, foi um prazer conhecê-lo, mas eu o acho um tanto excêntrico, então eu peço sua permissão para me retirar. – terminou e sorriu meigamente.
- Eu tenho muitos problemas, e estou justamente procurando alguém para solucionar eles. Tenho três reuniões durante a tarde e não faço ideia dos horários delas, perdi a conferencia em vídeo com o diretor por ter perdido a agenda e isso me colocou em um dia terrível. Oferecer-te a vaga do FBI como secretária foi minha parcela de boa ação da semana, então eu não te aconselho a sair por essa porta. – ele disse, com ar de superior.
- O senhor está falando sério? - ela sorriu e deu pulinhos - Obrigada! Mas o senhor já visitou um psicólogo? - juntou as mãos e falou como quem explica algo a uma criança.
- Onde eu estava com a cabeça? – ele sussurrou esfregando a testa - Mas sim, eu diria pra você deixar os documentos com a minha secretária, mas... Ah. Usa aquele scanner ali e manda as cópias pra esse email aqui. Anota o teu telefone aqui e alguém vai te ligar hoje. – ele a ordenou.
- Muito obrigada, Senhor Darrel, o senhor não vai se arrepender! - ela sorriu e foi tirar os scanners - E eu prometo que vou agendar um psicólogo assim que puder na sua agenda. – disse assim que acabou e saiu correndo.

CURIOSIDADES

♦ Ela é católica praticante.
♦ É muito boa na cozinha, e por vezes faz doces para todos no departamento.
♦ Foi adotada, mas hoje em dia voltou a ser órfã.
♦ Ela ainda visita o orfanato onde foi criada.